Sustentabilidade

Que aspetos devem ser considerados na compra de um novo equipamento?

Na compra de um novo equipamento, deverá comparar o equipamento mais eficiente existente no mercado com o melhor equipamento acessível.


Nesta comparação, deverá ter em atenção:
- poupanças futuras ao nível do consumo energético, avaliando-as nos aspetos económico e ambiental;
- possibilidade de tirar partido da energia disponível para a realização de funções adicionais;
- preço dos equipamentos e respetivo ciclo de vida.


Idealmente, deverá procurar detalhar quais os equipamentos disponíveis para a mesma função que utilizem fontes de energia alternativas de produção local e avaliar os custos económicos e ambientais associados a uma eventual alteração da fonte de energia, sem esquecer a análise da segurança proporcionada pela diversificação e proximidade.
 

A utilização de energia proveniente de fontes de energia renovável é sustentável?

Esta questão não tem uma resposta fácil. Para avaliar a sustentabilidade de uma fonte de energia, devemos fazer um esforço para avaliar todos os efeitos sobre o ambiente, a economia e a sociedade ao nível global. Considerando um horizonte temporal bastante alargado, não se trata apenas de garantir que a fonte de energia utilizada se manterá disponível no futuro, mas que todos os recursos ambientais, económicos e sociais utilizados na sua extração / produção, armazenamento e transporte, se manterão sustentáveis.


Mesmo que apenas os recursos renováveis sejam utilizados na produção, armazenamento e transporte de uma fonte de energia renovável, para que a sustentabilidade seja assegurada é necessário que a velocidade a que esses recursos renováveis são consumidos seja inferior à velocidade a que os mesmos são repostos; ou seja, existe sustentabilidade ambiental nas situações em que a taxa de exploração dos recursos seja inferior à taxa de reposição desses mesmos recursos.


Em termos de ambiente, o facto de ser renovável não é condição suficiente para que uma fonte de energia seja sustentável.
Ao comparar as diversas fontes de energia renovável disponíveis, é pertinente comparar o respetivo grau de sustentabilidade, de modo a garantir que são selecionadas as fontes mais sustentáveis para o objetivo pretendido.


A forma de medir a sustentabilidade de uma fonte de energia requer a medição da sua eficiência e do seu efeito sobre o ambiente, a economia e a sociedade.


A integração destas três dimensões resulta bastante complexa, pois em qualquer uma das três há aspetos diretos, indiretos e externalidades a considerar. Se é relativamente fácil medir e avaliar os efeitos diretos, os efeitos indiretos podem assumir aspetos controversos (onde a medição cede lugar a pontos de vista e opiniões pessoais) e a avaliação das externalidades é normalmente difícil de alcançar.


No entanto, mesmo num cenário em que a utilização de uma fonte de energia renovável não seja 100% sustentável, a sua utilização será, na maioria das situações, substancialmente mais sustentável do que a utilização de fontes de energias não renováveis.
 

O que se deve considerar na avaliação da sustentabilidade de uma dada fonte de energia?

Como regra geral, pode ser considerado que uma fonte renovável de energia será tanto mais sustentável quanto:


- menor for a dependência de recursos naturais não renováveis; 
- menor for a dependência de fontes de energia não renovável; 
- menor for a sua “carbon footprint”;
- maior a proximidade entre produção/armazenagem e consumo;
- maior for a influência de recursos renováveis, reaproveitados e reciclados a nível local na sua produção/captura
- maior o seu efeito positivo sobre as economias locais;
- maior segurança futura proporcionar aos consumidores (a curto prazo e, sobretudo, a médio e longo prazos).

 

Fonte de Energia

Quais as fontes de energias renováveis mais comuns?

Uma fonte de energia renovável permite a sua utilização sem comprometer o acesso a essa mesma fonte de energia no futuro, ao contrário de fontes de energia provenientes de recursos limitados que, após o consumo, não são repostos para utilização futura.

As fontes de energia renováveis mais comuns são:
 

- energia hídrica - energia disponível num fluxo de água (fluxo x velocidade), seja num sistema aberto (a força da água de um rio, ribeiro, ...) ou num sistema fechado (força de um fluxo de água canalizada - geralmente a partir de um açude ou de uma represa);

- energia solar - energia produzida pela radiação solar, utilizável  para produzir eletricidade (por paneis solares fotovoltaicos), para produzir calor (por aquecimento de água em painéis solares térmicos) ou pela utilização direta para secagem e aquecimento de ar (as estufas são o exemplo mais comum);

- energia eólica - energia produzida pela força do vento, que é possível aproveitar para a produção de eletricidade (com aerogeradores) ou para produzir movimento (energia mecânica) em moinhos de vento (de diferentes dimensões e adaptações a diferentes trabalhos, adaptados ao uso em pequena e média escala). A utilização mais direta e antiga do força do vento pode ainda ter aplicações no presente e no futuro, pois a utilidade das velas ainda não está esgotada;

- Bioenergia – energia contida nos hidratos de carbono produzidos e armazenados pelas plantas;

- Energia geotérmica – energia produzida a partir do calor existente no interior da terra.

Quais as formas de utilização da Bioenergia?

A bioenergia (biocombustível) é utilizada em três formas:


Sólida - biomassa - madeira e transformados de madeira (principalmente pellets);
Líquida - biocombustíveis -  biodiesel, bio etanol;
Gasosa – biogás.

A opção pelo uso da bioenergia na sua forma mais simples - a madeira - ou por formas mais exigentes, em termos do processo de obtenção, está essencialmente dependente de dois fatores – a armazenagem e a mobilidade.
 

Como posso tirar proveito da energia geotérmica?

A energia geotérmica pode ser aproveitada de duas formas principais:


De forma ativa, pela captação no subsolo de calor a muito alta temperatura, uma forma de aproveitamento de calor tecnicamente muito exigente e apenas justificável para instalações de grande escala.


De forma passiva, pelo aproveitamento da estabilidade térmica do solo que, normalmente entre 0,6m e 3 metros de profundidade, apresenta uma variação anual de temperatura muito menor do que a variação de temperatura do exterior, sendo a variação de temperatura ao longo do dia quase inexistente (quanto mais profunda estiver a captação, mais estável será a temperatura).


É a relativa estabilidade térmica, cuja variação anual pode estar situada entre 10ºC e 20ºC, que torna possível o seu uso para aquecimento (e arrefecimento de casas).


As formas de usar o calor têm influência decisiva na escolha do tipo de gerador termodinâmico a utilizar, sendo mais comuns as seguintes:
- aquecimento e arrefecimento com Ventilo-convetores
- aquecimento com piso radiante
- aquecimento com irradiadores


Complementarmente, também é possível fazer o aquecimento de águas sanitárias – uma função que requer geradores significativamente mais potentes do que os necessários apenas para aquecimento ambiente.


A construção parcialmente enterrada é a forma mais passiva e mais antiga de aproveitar, de modo direto, o calor e a estabilidade térmica do solo; a construção com caves ou, no limite, a construção de casas cave são formas de maximizar a estabilidade térmica.
 

Arquitetura

A arquitetura de uma casa é importante na definição da sua eficiência energética?

Sim, uma arquitetura que privilegie a iluminação natural, evitando a exposição excessiva à radiação solar no verão, aliada à opção por materiais de construção e soluções construtivas que promovam a estanquicidade térmica, contribui decisivamente para melhorar a eficiência energética de uma casa, permitindo reduções significativas do consumo energético sem comprometer o conforto.


Uma casa eficiente do ponto de vista energético deverá apresentar, também, um design sustentável, soluções construtivas com uma pequena pegada de carbono e ter associado um paisagismo que promova a eficiência energética. 


O objetivo deverá ser a combinação de técnicas passivas de aproveitamento de energia (solar, geotérmica…) com técnicas de construção que permitam a redução do consumo energético.


A arquitetura deverá considerar e promover o uso de fontes alternativas de energia para a satisfação das necessidades de aquecimento, iluminação e funcionamento dos equipamentos (com um desenho que favoreça o recurso à energia solar, à bioenergia, à energia geotérmica, …), bem como a captura e conservação de água das chuvas.


Os edifícios de elevada eficiência energética têm as paredes (pavimento e cobertura) revestidas com materiais de elevado isolamento térmico, janelas e portas de elevada estanquicidade térmica e sistemas de ventilação controlada. O efeito combinado destas soluções tem um contributo muito importante na redução dos consumos de energia, sobretudo das necessidades de aquecimento e de arrefecimento.
 

Economia

A adaptação de um sistema para a utilização de energias renováveis tem vantagens económicas?

Sim, certamente.


Algumas dicas para avaliar a viabilidade económica:


- Custo de adaptação do atual sistema: neste custo, deverá incluir o custo dos novos equipamentos e o custo de instalação; quanto menor o custo da adaptação do sistema, maior o potencial de valor;


- Custos de manutenção do novo sistema vs custos de manutenção do atual sistema: quanto menor o custo de manutenção do novo sistema, maior o potencial de valor;


- Ciclo de vida dos novos equipamentos: quanto maior o ciclo de vida, maior o potencial de valor;


- Eficiência energética do novo sistema vs eficiência do sistema anterior: quanto maior eficiência do novo sistema, maior o potencial de valor;


- Custo com a fatura energética resultante do novo sistema vs custo com a fatura energética do sistema atual: quanto maior a redução de custos, maior o potencial de valor,


Apesar de ser comum alcançar vantagens económicas com a adaptação de sistemas para energias alternativas, o aspeto económico não deve ser o único a ter em conta. A análise da sustentabilidade ambiental e da segurança energética devem igualmente ser consideradas.


Em alguns casos, a constituição de associações, por exemplo um condomínio ou um bairro, poderão apresentar vantagens para viabilizar a adaptação de um sistema para o uso de energias alternativas. Estas vantagens podem ser verificadas ao nível económico e ao nível social, devendo ser sempre consideradas ao ponderar a adaptação do sistema.